sábado, 20 de dezembro de 2014

Humildade de Gaudi

Um dos aspetos que considero mais importantes num artista é a humildade; e quando penso em humildade vem-me à memória, automaticamente, um dos mais espetaculares artistas do final do século XIX: Antoni Gaudi.

Gaudi é, para mim, um exemplo de persistência e perseverança no trabalho. Foi o responsável pela criação de uma das mais belas catedrais da história da humanidade, na qual trabalhou durante a maior parte da sua vida. No entanto, apesar de se ter dedicado quase em exclusivo a esta obra, Gaudi morreu antes de poder vê-la elevada, antes de poder receber todos os (merecidos) elogios por tão incrível criação.

E a constatação deste facto leva-me, repetidas vezes, a contemplar a realidade de que a maior parte das coisas de que nos ocupamos na vida e que estão cheias de sabor serão degustadas por outros e não tanto por nós próprios.

É um facto: nem sempre vemos os frutos daquilo que fazemos, nem sempre vemos a nossa obra acabada e, por muito esforço que dediquemos a alguma coisa, raras são as ocasiões em que vemos como isso foi bom e como valeu a pena não desistir.

Contudo, tal como Gaudi, também nós devemos trabalhar desinteressadamente, surpreender e pensar nos outros sem esperar ver o seu sorriso e a aplicação prática das nossas ações nas vidas alheias que nos são próximas.

Atrevo-me, até, a dizer que tudo ganha um sabor diferente quando nos importamos realmente com os outros e não tanto com a quantidade de palmas que deles podemos receber, quando damos sem esperar elogios, quando "fazemos e desaparecemos" e, principalmente, quando entendemos verdadeiramente que estamos nesta vida para servir e amar, no sentido próprio das palavras.