quinta-feira, 16 de março de 2017

Tratar cada filho como se fosse único

Como já noticiamos por AQUI e AQUI  Josemaria ou Chema Postigo, partiu e deixou a sua história a sua família, deixou o seu exemplo de esperança.
Hoje lembramos novamente Chema com um texto escrito pelo pai da nossa Ni - Raul Bessa Monteiro. Vale a pena ler:





"Com uma simplicidade impressionante, e sem qualquer preocupação publicitária, um casal da Catalunha esteve de visita a Lisboa, Porto e Braga no final de 2016, para orientar conferências relacionadas com o tema “A alegria de construir famílias felizes”.

Não fora o magnífico exemplo de felicidade na família dados por Rosa Pich e Josemaria Postigo, e esta visita passaria despercebida. Parece-me no entanto que o conteúdo da mensagem que trouxeram e as experiências que apresentaram merecem divulgação.

Os Postigos, Rosa e Josemaria, têm 15 filhos vivos de 18 que nasceram. Encontram na família o ambiente propício para a sua realização como pessoas, através da ajuda mútua e da comunhão de objetivos, tarefas e interesses.

Na conferência a que assisti, Rosa, ao bom estilo feminino apurado com a origem catalã, quase monopolizou a conversa; contou histórias, anedotas e incidentes divertidos, com um bom humor e um entusiasmo contagiantes. Descreveu com graça, referindo-se à luta diária de cada um para ultrapassar as dificuldades, que Pepa, a 12ª, tem por meta rir-se pelo menos uma vez de manhã e outra à tarde, que Tomas, o 14 º, só pode fazer birra uma vez por dia, e que, quando se esgota algum produto de mercearia, na sequência da compra que é feita on line e apenas uma vez por mês, “no passa nada” se tiverem que beber o leite sem chocolate durante três ou quatro dias.

Josemaria, mais sereno, explica que não são apenas questões práticas, são formas de fortalecer a vontade, estimular o auto controle, mostrar respeito pelos outros, em suma, de se aperfeiçoarem como pessoas. É educação na sua formulação mais genuína e mais natural.

Se Rosa conta todas estas coisas com um entusiasmo indescritível, Josemaria alerta que também têm problemas, falhas e contratempos que vão resolvendo com espírito desportivo, não desanimando.

Colocando a relação conjugal no topo das suas preocupações humanas, Rosa e Josemaria têm uma disponibilidade total para os filhos. Essa disponibilidade, que tem como objetivo tratar cada filho como se fosse único, não se manifesta apenas no plano afetivo. Com esforço e dedicação de tempo e recursos, a família Postigo organiza-se com simplicidade, procurando que cada um assuma responsabilidades e tarefas concretas desde as mais tenras idades, habituando-os a não terem tudo o que querem, mesmo quando os colegas têm e exibem, articulando entre todos aspetos de melhoria geral do contexto familiar, e com cada um metas de aperfeiçoamento pessoal.

Jantam habitualmente todos à mesa. A família e os amigos ou parentes que sempre aparecem, esgotam a lotação da grande mesa redonda da sala de jantar, servindo diariamente mais de 20 refeições; um pequeno restaurante no qual se fala, se discute, se opina, e se ganha o hábito de respeitar os outros e de saber escutar.

Os mais velhos ajudam a tratar dos mais pequenos e estes, a partir do momento em que fisicamente lhes é possível, fazem as suas camas todas as manhãs, forma de aprenderem a colaborar e a assumir responsabilidades, mantendo arrumados os quartos mobilados com vários beliches de quatro camas feitos à medida para cada quarto.

Dedicar tempo, mais de qualidade do que em quantidade, um ao outro e ambos aos filhos, exige ordem, organização, desprendimento, virtudes que todos absorvem por osmose.

Como são pontuais nas entrevistas de trabalho com os professores dos filhos, vão 157 vezes por ano aos colégios.

Poderia dizer muito mais coisas sobre o que aprendi com a família Postigo. No entanto a impressão mais profunda foi causada pela extraordinária tranquilidade e serenidade com que abordam os temas da família. Mesmo o facto de já terem morrido três filhas por doença cardíaca congénita e Lolita, a 15ª, viver em risco, esperando a oportunidade de uma cirurgia que não sabem se vai chegar a tempo.

Uma família alegre, feliz, exemplar, mas normal; que enfrenta o dia-a-dia com fé, com coragem, com confiança. Rosa diz que tem um segredo. Josemaria afirma que esse segredo não é nada de especial, é apenas visão sobrenatural, generosidade e esforço por corresponder à responsabilidade de terem uma família numerosa.
Como se fosse pouco!"

Raul Bessa Monteiro
Professor da AESE Business School

1 comentário:

Ana disse...

Tão bonito!! Escrito por outro pai generoso :)